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domingo, 27 de junho de 2021

É preciso derrotar Bolsonaro agora

 


Há uma nova data de manifestação já agendada, 3 de julho. A data foi acertada pelo conjunto de forças que conduz a campanha pelo impeachment de Bolsonaro, por vacina no braço e comida no prato.

A antecipação da data, que antes estava prevista para 26 de julho, foi acertada diante dos fatos recentes: a perda acelerada de popularidade do "mito", o sucesso das mobilizações do 19J e os encaminhamentos da CPI da Covid, colocando em xeque o vigarista discurso bolsonarista do "combate à corrupção".

É preciso derrotar Bolsonaro agora em nome da vida e da democracia. É um erro tático ansiar pelo desgaste ou sangramento de Bolsonaro para uma vitória fácil de Lula em 2022. Simples, com Bolsonaro no poder 2022 pode nem acontecer. E, se acontecer, a eleição e a vitória de Lula terão que ser defendidas nas ruas. Então é melhor ir para as ruas já e buscar derrubar Bolsonaro agora.

Firmar posição em uma queda dupla de Bolsonaro e Mourão também é um erro tático. Seria ótimo se a chapa fosse cassada, mas essa possibilidade é remota, bem mais remota que a queda de Bolsonaro.

Mas Mourão pode organizar o governo, dar um golpe militar ou a direita pode vencer em 22? 

Não acredito em golpe militar sem Bolsonaro. Não porque Bolsonaro seja o líder dos militares. Não é. Bolsonaro é apenas um baderneiro que tem uma fala direta com os soldados com um discurso de quebra de hierarquia e imposição de uma ditadura policial de ganhos corporativistas e ideologia proto-fascista. Sem Bolsonaro, esse pessoal fardado, outros milicianos, dificilmente terá o discurso ou unidade para golpes. E o generalato? Muito menos. O projeto do generalato é o projeto neoliberal, com vestimenta "democrática". Sem Bolsonaro, essa gente se acomoda no projeto da direita liberal, que era o plano até meados de 2018 quando ficou claro que a canoa de Alckmin iria afundar.

É com Bolsonaro que o discurso anti-sistema, proto-fascista e de corrosão das instituições tem força. Sem Bolsonaro não há nenhum outro com suficiente sociopatia para dar seguimento à cavalgada do "mito". A não ser que acreditemos que Silas Malafaia, Eduardo Bolsonaro ou algum outro penduricalho tenham essa condição.

E a arrumação do governo com Mourão e a vitória da direita em 22? Aí é uma questão de escolha e análise política. Primeiro, é preciso tirar Bolsonaro para garantir 22. Segundo, é preciso derrotar o projeto neoliberal, esse bem mais articulado e poderoso que Bolsonaro. E derrotar o neoliberalismo passa por um programa de reconstrução do país e de reformas estruturais que terá que ser vitorioso em 22 e durante o novo governo. E isso independente se será contra Mourão, Huck, Mandeta ou outro qualquer. Isso dependerá da construção de uma ampla aliança de forças centradas na implantação de um outro programa econômico que resgate o desenvolvimento, os direitos sociais e a soberania a partir de 22.

Portanto, foco na luta. Dia 3 de julho será maior. Impeachment se faz com povo na rua.

Fora Bolsonaro já.

Ricardo Jimenez - editor do Blog O Calçadão

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