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segunda-feira, 31 de maio de 2021

Pesquisa revela necessidade de juízes se capacitarem para julgar conflitos fundiários

Acampados montam barraco em ocupação no interior de São Paulo.
Foto: Filipe Augusto Peres


Ignorados pelos juízes, o direito à moradia e a função social da terra aparecem em apenas 0,02% das ações analisadas pelo estudo. 

A obrigação de preparar os juízes acerca dos temas conectados aos conflitos fundiários e o estabelecimento de um observatório nacional de conflitos fundiários e possessórios são algumas das orientações expostas na conclusão da pesquisa “Conflitos fundiários coletivos urbanos e rurais: uma visão das ações possessórias de acordo com o impacto do Novo Código de Processo Civil, revelada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), na última quinta-feira, 27 de maio.

Marcus Lívio Gomes, secretário especial de Programas, Pesquisas e Gestão Estratégica do CNJ disse que o Brasil precisa de um programa de regularização fundiária urbana e, principalmente, rural. Para Gomes, a maior parte dos desmatamentos florestais que acontecem no país são fruto da desorganização do processo de regularização fundiária.

Juízes desconsideram a função social da terra e o direito à moradia na análise dos processos

Desenvolvido pelo Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), em parceria com o Instituto Pólis, na quarta edição da Série Justiça Pesquisa, o levantamento analisou 260 mil processos ligados a demandas fundiárias que correram na justiça de 2011 a 2019 e constatou que os temas são tratados como uma questão de posse e propriedade – e menos como questões relativas ao direito à moradia, à vida, segundo as pesquisadoras. De acordo com Danielle Klintowiktz, pesquisadora do Instituto Pólis, o direito à moradia e função social da propriedade são expressões em menos de 0,02% das ações analisadas.

Soluções

A contar do estudo dos problemas a pesquisa enumerou algumas sugestões que vão ser entregues ao Conselho Nacional de Justiça. São elas:

  •        A criação de um observatório nacional de conflitos fundiários e possessórios;
  •        A determinação de critérios objetivos para citação das partes
  •        A determinação de critérios objetivos na criação de estruturas específicas para permitir audiências de conciliação e ou mediação;
  •          A necessidade de capacitação de magistrados e magistradas sobre temas ligados a questões fundiárias;
  •       A oferta de apoio técnico multidisciplinar na condução de inspeções judiciais
  •      A oferta de apoio técnico de audiências de justificação e mediação.

A pesquisa também mostrou que não teve impacto significativo a implementação do Novo Código de Processo Civil sobre os conflitos fundiários.

Leia o relatório na íntegra no link abaixo:

Relatório final de pesquisa Justiça Pesquisa: CONFLITOS FUNDIÁRIOS COLETIVOS URBANOS E RURAIS: UMA VISÃO DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS DE ACORDO COM O IMPACTO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL


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